Meu Twitter

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Por Que A Cruz?

Por Que A Cruz?

Terá mesmo sido necessário Jesus derramar seu sangue na cruz de um modo tão brutal? Não poderia Deus ter providenciado a redenção de outra maneira? Terá sua execução sido apenas uma injustiça humana, um acidente no plano de Deus? Eis aqui um posicionamento bíblico.

Em Romanos 5.8, Paulo nos confronta duplamente com o passado, ou seja, com a morte do Senhor Jesus na cruz e com a nossa posição de pecadores, e também com algo que não pode ser limitado ao
passado, presente ou futuro, mas que é atemporal: o amor de Deus. Deus é amor, e como ele é eterno, seu amor também é eterno. Deus é amor de eternidade a eternidade (1Jo 4.16). Em seguida, o apóstolo mostra nos versículos 9 a 11 os colossais efeitos desse amor atemporal de Deus para o nosso presente e futuro.
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,
seremos salvos pela sua vida! E não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, mediante o qual recebemos, agora, a reconciliação” (Rm 5.8-11).

Expõe-se aqui algo decisivo, a saber, que fomos justificados pelo sangue do Senhor Jesus, e com isso chegamos à questão da razão pela qual o Senhor Jesus teve de suportar a cruz. Será que não havia nenhum outro meio? Deus não poderia ter imaginado algo mais confortável, barato e menos
sanguinário? É como alguém deu a entender certa vez: “A morte de Jesus não foi uma necessidade para a salvação, mas um ato bárbaro dos homens”. Em outras palavras: a crucificação não estava prevista, mas foi um acidente, um erro, um golpe do destino não planejado. Isso significaria que Deus não conseguiu impedir esse erro e que o Senhor Jesus não foi capaz de atender ao desafio: “Salve a si mesmo, se você é o Filho de Deus, e desça da cruz!” (Mt 27.40).

Se Jesus não pôde descer da cruz, a mensagem da cruz não seria de alegria, mas uma proclamação de vergonha. Ela não seria o anúncio de uma grandiosa vitória, mas uma memória de vergonha. Para Paulo, porém, a palavra da cruz e, com ela, a morte do Senhor Jesus, é o evangelho por excelência (1Co 2.2), cujo ápice, porém, não é a morte do Senhor, mas sua ressurreição. Não há, porém, ressurreição sem morte, e sem ressurreição não há vitória, de modo que uma depende da outra (1Co 15.20).
Em resumo, a morte do Senhor Jesus é o evento decisivo de todo o evangelho e, com isso, também de todo o propósito divino de salvação. A mensagem da cruz sempre foi
escandalosa, não há novidade nenhuma nisso (1Co 1.18). Para muitos, a simples ideia de que o Deus Todo-poderoso e santo se rebaixa ao ponto de tornar-se homem, e que, além disso, ele veio para sofrer como homem e morrer miseravelmente na cruz, é demais. Por isso existem as vozes críticas, mesmo entre os cristãos, que não só negam o sacrifício remidor de Jesus, mas que chegam a dizer de maneira provocadora, como certa vez disse uma pastora evangélica: “Não quero ter nada a ver com um Deus que necessita de sacrifícios!”.

absoluta é um valor limite do qual, na prática, só é possível aproximar-se, sem atingi-lo efetivamente. Essa é uma boa imagem da discrepância entre o Deus santo e absolutamente puro e nós, seres humanos, que jamais alcançaremos sua pureza absoluta, pelo menos não por mérito próprio. Assim, Deus teria toda razão em dizer: “Não quero ter nada a ver com uma pessoa que não quer sacrifícios”, porque o sacrifício é o que purifica o ser humano. O sangue é o que santifica o ser humano (Hb 10.14; 1Jo 1.7).

Deus não pode simplesmente desviar o olhar, porque só alguém igualmente santo e absolutamente puro tem condições de chegar à presença dele. Deus é tão santo que nem sequer pode olhar para o pecado (Hc 1.11). A morte expiatória na cruz é de fato cruel, sem dúvida, mas é indispensável, porque só o sangue do único
que é puro é capaz de purificar uma vida contaminada, assim como também somente por uma transfusão de sangue a vida de alguém pode ser salva quando seu próprio sangue está contaminado.
Um outro aspecto que muitos não reconhecem é o fato de que a morte do Senhor Jesus na cruz é um ato salvador e um sacrifício de amor. A santidade de Deus condena o pecado, mas o amor de Deus prepara uma via de escape para o pecador. É fato definitivo que a presença junto a Deus é uma zona isenta de pecado e que, assim, o acesso a Deus fica impedido para
qualquer pecado, por menor que seja e por mais amável que seja o pecador. Com a queda no pecado e seus efeitos, com a contaminação do nosso sangue, onde está a sede da vida, ficamos na prática sujeitos à ira de Deus (Rm 1.18).

No entanto, se Deus é amor, como é que ele pode estar ao mesmo tempo cheio de ira? O fato é que o amor de Deus e sua ira santa não se contradizem. A ira de Deus não é apenas uma punição, mas, ao mesmo tempo, também uma proteção. Sua ira é santa e amorosa, a ira daquele que não quer que nenhum homem se perca. Em seu amor, Deus detesta o pecado, porque ele contamina o homem e lhe subtrai a vida. Mas Deus não seria Deus se não tivesse também uma solução para esse dilema, essa
condenação do pecado, mas o amor de Deus aplaina o caminho para o perdão (Rm 5.9).

De que modo? Quando o próprio Deus se torna homem e afixa à cruz a nossa nota de débito (Cl 2.14). Deus é o justo
juiz que toma sobre si mesmo a expiação da pena que ele mesmo decretou. Existe uma história a respeito de um juiz que, segundo as leis do seu país, deveria ter condenado sua amada mãe a açoites, porque ela era claramente culpada. Seria injusto perdoá-la, mas também seria uma traição ao amor se o juiz conduzisse sua própria mãe ao justo castigo. Depois de o juiz condenar sua mãe a bem da justiça, ele se ergueu e declarou com lágrimas nos olhos: “Assumo sobre mim mesmo de forma vicária a pena da minha mãe”.

Deus não pode torcer a realidade. Deus não pode decretar arbitrariamente uma anistia geral, porque isso contraria a justiça. Seria a ruína do novo céu e da nova terra o pecado não ser vencido, expiado e eternamente condenado de uma vez por todas. Assim, o princípio é que alguém que pretenda nos livrar do pecado precisa ser pessoalmente isento de pecado. “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós” (2Co 5.21; cf. 1Pe 2.22).
Alguém que queira vencer a morte precisa ser mais forte que a morte (At 2.24). Alguém que queira dar vida eterna ao homem precisa ser eterno por si mesmo. Ele precisa ser verdadeiramente homem para poder morrer, e verdadeiramente Deus para poder vencer a morte e o diabo (cf. 1Jo 3.8; Hb 2.14).

Só houve um que satisfez todas essas premissas para expiar nossa culpa em nosso
lugar: Jesus Cristo! Ele é o sacerdote que apresenta a oferta e é ao mesmo tempo a oferta apresentada: “Quando, porém, Cristo veio como sumo sacerdote dos bens já realizados... não pelo sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue... obteve uma eterna redenção” (Hb 9.11-12).

Assim, a obra redentora no Gólgota é a via de escape genial de Deus para um mundo inteiramente contaminado. Ainda assim, porém, pode-se perguntar: não poderia o objetivo da reconciliação com Deus ter sido
realizado sem esse sacrifício sangrento? Seria a nossa culpa realmente tão pesada a ponto de tornar-se indispensável essa morte cruel e terrível na cruz? A resposta a essa pergunta foi dada no Jardim do Getsêmani, em que o Filho único de Deus pediu três vezes para ser poupado daquele cálice (Mt 26.39,42). E ficou bem evidente que não havia outro meio, caso contrário o Pai celestial teria intervindo o mais tardar aí. O Senhor Jesus sujeitou-se à vontade do seu Pai e empreendeu essa pesada via até a cruz, voluntária e obedientemente, até a morte (Fp 2.7-8). Ele mesmo também havia comentado que teria de sofrer tudo isso (Lc 24.46), e que isso
seria necessário para a salvação (Mc 10.45). Portanto, o próprio Filho de Deus falou a respeito da crucificação, sem alternativas para salvar o homem da sua ruína. A morte na cruz foi uma firme decisão de Deus que via nenhuma poderia contornar (At 2.23; 1Jo 4.10). Portanto, não se trata de um acidente, mas do amor de Deus que ele nos provou na pessoa de Jesus Cristo.

Indo um passo adiante na resposta à questão da necessidade da cruz: se examinarmos o relato bíblico da Criação, veremos que o homem foi criado à imagem de Deus (Gn 1.27; cf. Gn 9.6). Isso significa também que, assim como Deus é eterno, também a vida humana foi programada para a eternidade. Com seu ato criador, em que o homem representa a coroa da Criação, Deus não criou algo passageiro, mas algo que deverá permanecer eternamente. “Deus fez tudo formoso no seu devido tempo. Também pôs a eternidade no coração do ser humano...” (Ec 3.11). Por um lado,
isso se refere à noção de um Deus eterno e, por outro, que nós mesmos temos em nós essa eternidade segundo a sua imagem.

Além disso, Gn 2.7 fala do fôlego de vida que Deus soprou no homem (cf. Jó 33.4). E, quando lemos que por meio desse fôlego de Deus o homem se tornou alma vivente, isso não se refere apenas à vida como tal, já que os animais também vivem, mas a esse relacionamento muito particular com Deus, configurado para a eternidade. Afinal, a Bíblia também fala da ressurreição de todos os homens, tanto dos salvos como dos não salvos: “Os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da
vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (Jo 5.29).

Esse é um importante aspecto da nossa criação. O segundo é a interessante declaração em Levítico 17.11, segundo a qual a vida está no sangue. Essa passagem é algo como a chave para explicar por que já na antiga aliança sempre se requeria a apresentação de sacrifícios sangrentos, e por que também o Senhor Jesus precisou
selar a nova aliança com sangue (Hb 9.15-18). O mais tardar com essa declaração se revela o inseparável vínculo entre o sangue e a vida. Essa dependência mútua perpassa como um fio vermelho toda a Escritura Sagrada e é também a explicação para a impossibilidade de se estabelecer a união com Deus sem sangue.
Adão e Eva, por exemplo, ainda tentaram encobrir seu pecado com folhas de figueira. Foi a variante “vegetariana”, a
tentativa humana de salvar algo que não tinha salvação. Deus, porém, esclareceu imediatamente que a salvação e sobrevivência só seria possível com a sua intervenção, e por meio de sangue, já que, se Deus vestiu o primeiro casal humano com peles, foi necessário que um animal morresse – o que até então não havia ocorrido (Gn 3.21). E, conforme dissemos, esse princípio (sangue e vida) prossegue como
um fio vermelho. Abel apresentou ao Senhor uma oferta sangrenta das suas ovelhas. Noé ofereceu animais que ele levara para a arca especificamente com esse fim. Deus efetivou a aliança com Abraão por meio da morte de cinco animais diferentes (Gn 15.9-10). O êxodo do Egito e a Páscoa fundamentada nele não seriam concebíveis sem o sangue que teve de ser passado nas molduras das portas – e tudo isso, afinal, aconteceu ainda antes da introdução da lei com todas as suas prescrições sacrificiais.

Sem sangue não há contato nem comunhão com aquele que nos criou à sua imagem e soprou em nós o seu fôlego. Só por meio do sangue pode haver reconciliação com o Deus da vida, pois a vida está no sangue (Hb 9.18-22).

A nova aliança, a aliança da graça e do perdão, precisou ser selada com sangue, conforme as palavras do Senhor Jesus: “Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, derramado em favor de muitos, para
remissão de pecados” (Mt 26.28). O Senhor Jesus teve de oferecer o seu sangue, teve de morrer para que nós pudéssemos viver. “Porque é o sangue que fará expiação pela vida” (Lv 17.11). Por isso, Apocalipse 5.9 se refere ao Senhor Jesus dizendo: “Foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação”, e, em Romanos 3.23-25, lemos:

“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus apresentou como propiciação, [que é eficaz] no seu sangue, mediante a fé”.
Por meio da fé no seu sangue! Não basta crer num profeta chamado Jesus, em um Jesus operador de milagres, que anuncia o amor e pregou um genial Sermão do Monte, mas trata-se daquilo que o Senhor
Jesus realizou por nós na cruz. Trata-se da fé no seu sangue. Seu sangue santo, puro e precioso purifica o nosso sangue contaminado pelo pecado. Aquilo que os sacrifícios da antiga aliança ainda deixaram incompleto, que não passava de sombra daquilo que Deus prometera, tornou-se realidade por meio do sangue do Senhor Jesus.

Não havia nem há outro meio, quer entendamos isso ou não, e ainda que não o entendamos,
podemos crer que no sangue do Senhor Jesus temos a vida eterna. “Sabendo que não foi mediante coisas perecíveis, como prata ou ouro, que vocês foram resgatados da vida inútil que seus pais lhes legaram, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula” (1Pe 1.18-19).

Thomas Lieth é pregador e responsável pelo trabalho editorial da Chamada na Suíça.

Fonte do site:
 www.chamada.com.br

AS CONFUSÕES DA CABANA

AS CONFUSÕES DA CABANA

Dr. Paulo Romeiro 

Introdução

Já faz tempo que o liberalismo teológico tem assediado e invadido uma boa parte do campo evangélico brasileiro. Os prejuízos para a pregação do evangelho têm sido enormes. A decadência doutrinária aumenta com rapidez e muitos crentes estão cada vez mais confusos. Por várias décadas, o liberalismo teológico vem ganhando espaço nas denominações históricas e em seus seminários. Nos últimos anos, porém, alguns segmentos pentecostais foram atingidos por essa corrente de pensamento, algo inimaginável até então, pois, ser pentecostal significa crer no poder e na Palavra de Deus. A exemplo dos liberais, alguns pentecostais se julgam espertos o suficiente para duvidar de Deus e da sua Palavra. Hostilizar o cristianismo, exaltar a dúvida e questionar a Bíblia Sagrada tornou-se para muitos um sinal de academicismo e inteligência. É o que vemos hoje através das igrejas emergentes, que pregam uma ortodoxia generosa, onde as verdades e temas vitais da fé cristã perdem sua importância. Tudo indica que há uma apostasia se instalando em muitas igrejas evangélicas, algo já predito na Palavra de Deus e que aponta para a volta de Cristo (2 Ts 2.3; 2 Tm 4.1; 2 Tm 4.1-4; 2 Pe 2.1). É num solo assim, fértil para a semeadura e crescimento de distorções das doutrinas centrais da fé cristã que surge o livro A Cabana promovendo o liberalismo teológico e fazendo sucesso entre os evangélicos e a sociedade em geral. Este artigo apresenta uma breve análise, à luz da Bíblia, sobre esse best-seller a fim de responder algumas indagações de muitos cristãos.

I – Definições

Liberalismo teológico: Movimento da teologia protestante que surgiu no século XIX com o objetivo de modificar o cristianismo a fim de adaptá-lo à cultura e à ciência modernas. O liberalismo rejeita o conceito tradicional das Escrituras Sagradas como revelação divina proposital e detentora de autoridade, preferindo o conceito de que a revelação é o registro das experiências religiosas evolutivas da humanidade. Apregoa também um Jesus mestre e modelo de ética, e não um redentor e Salvador divino.

Pluralismo religioso: A crença de que há muitos caminhos que levam a Deus, que há diversas expressões da verdade sobre ele, e que existem vários meios válidos para a salvação.
Relativismo: Negação de quaisquer padrões objetivos ou absolutos, especialmente em relação à ética. O relativismo propala que a verdade depende do indivíduo ou da cultura.
Teologia relacional (teísmo aberto): Conceito teológico segundo o qual alguns atributos tradicionalmente ligados a Deus devem ser rejeitados ou reinterpretados. Segundo seus proponentes, Deus não é onisciente e nem onipotente. A presciência divina é limitada pelo fato de Deus ter concedido livre-arbítrio aos seres humanos.

II – O livro A cabana

A história do livro

Durante uma viagem que deveria ser repleta de diversão e alegria, uma tragédia marca para sempre a vida da família de Mack Allens: sua filha mais nova, Missy, desaparece misteriosamente. Depois de exaustivas investigações, indícios de que ela teria sido assassinada são encontrados numa velha cabana. Imerso numa dor profunda e paralisante, Mack entrega-se à Grande Tristeza, um estado de torpor, ausência e raiva que, mesmo após quatro anos de desaparecimento da menina, insiste em não diminuir. Um dia, porém, ele recebe um bilhete, assinado por Deus, convidando-o para um encontro na cabana abandonada. Cheio de dúvidas, mas procurando um meio de aplacar seu sofrimento, Mack atende ao chamado e volta ao cenário de seu pesadelo. Chegando lá, sua vida dá uma nova reviravolta. Deus, Jesus e o Espírito Santo estão à sua espera para um “acerto de contas” e, com imensa benevolência, travam com Mack surpreendentes conversas sobre vida, morte, dor, perdão, fé, amor e redenção, fazendo-o compreender alguns dos episódios mais tristes de sua história (Informações extraídas da orelha do livro).
O livro é uma ficção cristã, um gênero que cresce muito na cultura cristã contemporânea e comunica sua mensagem de uma forma leve e fácil de se ler. O autor, William P. Young trata de temas vitais para a fé cristã tais como: Quem é Deus? Quem é Jesus? Quem é o Espírito Santo? O que é a Trindade? O que é salvação? Jesus é o único caminho para Deus?

III – Pontos principais do livro

1. Hostilidade ao cristianismo

“As orações e os hinos dos domingos não serviam mais, se é que já haviam servido... A espiritualidade do Claustro não parecia mudar nada na vida das pessoas que ele conhecia... Mack estava farto de Deus e da religião...” (p. 59).
“Nada do que estudara na escola dominical da igreja estava ajudando. Sentia-se subitamente sem palavras e todas as suas perguntas pareciam tê-lo abandonado” (81).
Resposta bíblica: Jesus disse que as portas do inferno não prevaleceriam contra a sua Igreja (Mt 16.18).

2. Experiência acima da revelação

As soluções para os probemas da vida surgem de experiência extrabíblicas e não da Palavra de Deus. As alegadas revelações da “Trindade” são a base de todo o enredo do livro. Mesmo fazendo alusões às verdades bíblicas, elas não são a base autoritativa da mensagem.

3. A rejeição de Sola Scriptura

A Cabana rejeita a autoridade da Bíblia como o único instrumento para decidir as questões de fé e prática. Para ouvir Deus, Mack é convidado a ouvir Deus numa cabana através de experiências e não através da leitura e meditação da Bíblia Sagrada.
Resposta bíblica: Rm 15.4: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.
2 Tm 3.16, 17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a coreção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”.
A igreja não precisa de uma nova revelação mas de iluminação para entender o que foi revelado nas Escrituras.

4. Uma visão antibíblica da natureza e triunidade de Deus

Além de errar sobre a Bíblia, A Cabana apresenta uma visão distorcida sobre a Trindade. Deus aparece como três pessoas separadas, o que pode ser chamado de triteísmo. O autor tenta negar isso ao escrever: “Não somos três deuses e não estamos falando de um deus com três atitudes, como um homem que é marido, pai e trabalhador. Sou um só Deus e sou três pessoas, e cada uma das três é total e inteiramente o um” (p. 91).
Young parece endoçar uma pluralidade de Deus em tres pessoas separadas: duas mulheres e um homem (p. 77).
Deus o pai é apresentado como uma negra enorme, gorda (p. 73, 74, 75, 76, 79), governanta e cozinheira, chamada Elousia (p.76)).
Jesus aparece como um homem do Oriente Médio, vestido de operário, com cinto de ferramentas e luvas, usando jeans cobertos de serragem e uma camisa xadrez com mangas enroladas acima dos cotovelos, mostrando so antebraços musculosos. Não era bonito (p. 75).
O Espírito Santo é apresentado como uma mulher asiática e pequena (p. 74), chamada Sarayu (p. 77, 101).
Resposta bíblica: Dentro da natureza do único Deus verdadeiro há três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. São três pessoas distintas, mas, não separadas como o livro apresenta. Além disso, o Pai e o Espírito Santo não possuem um corpo físico. Veja Jó 10.4; João 4.24 e Lucas 24.39.

5. A punição do pecado

O livro apregoa que Deus não castiga os pecados:
“Mas o Deus que me ensinaram derramou grandes doses de fúria, mandou o dilúvio e lançou pessoas num lago de fogo. — Mack podia sentir sua raiva profunda emergindo de novo, fazendo brotar as perguntas, e se chateou um pouco com sua falta de controle. Mas perguntou mesmo assim: — Honestamente, você não gosta de castigar aqueles que a desapontam”?
Diante disso, Papai interrompeu suas ocupações e virou-se para Mack. Ele pôde ver uma tristeza profunda nos olhos dela.
— Não sou quem você pensa, Mackenzie. Não preciso castigar as pessoas pelos pecados. O pecado é o próprio castigo, pois devora as pessoas por dentro. Meu objetivo não é castigar. Minha alegria é curar.
— Não entendo...”
Resposta bíblica: A Cabana mostra um Deus apenas de amor e não de justiça. Apesar de a Bíblia ensinar que Deus é amor, não falha em apresentá-lo como um Deus de justiça que pune o pecado:
“A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18.4).
“Semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro” (Rm 1.27).
“porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).
“E a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (2 Ts 1.7, 8).
Cristo morreu pelos nossos pecados (1Co 15.3).

6. O milagre da encarnação

O livro apresenta uma visão errada da encarnação de Jesus Cristo: “Quando nós três penetramos na existência humana sob a forma do Filho de Deus, nos tornamos totalmente humanos. Também optamos por abraçar todas as limitações que isso implicava. Mesmo que tenhamos estado sempre presentes nesse universo criado, então nos tornamos carne e sangue” (p. 89).

Resposta bíblica:

De acordo com a Bíblia, somente o verbo encarnou (Jo 1.14). Veja ainda Gl 4.4; Cl 2.9) e (1 Tm 2.5).

7. Jesus, o melhor ou único caminho para o Pai? 

No livro, Jesus é apresentado como o melhor e não o único caminho para Deus:
“Eu sou o melhor modo que qualquer humano pode ter de se relacionar com Papai ou com Sarayu” (p. 101).
Resposta bíblica:
A Bíblia é muito clara ao afirmar que Cristo é o único que pode salvar: Is 43.11; Jo 6.68; Jo 14.6; At 4.12 e 1 Tm 2.5.

8. Patripassionismo

O livro promove uma antiga heresia denominada patripassionismo, que é o sofrimento do Pai na cruz: “O olhar de Mack seguiu o dela, e pela primeira vez ele notou as cicatrizes nos punhos da negra, como as que agora presumia que Jesus também tinha nos dele. Ela permitiu que ele tocasse com ternura as cicatrizes, marcas de furos fundos” (p. 86).
“Olhou para cima e notou novamente as cicatrizes nos pulsos dela” (p. 92).
“Você não viu os ferimento em Papai também”? (p. 151).
Resposta bíblica
A Bíblia mostra que foi Jesus quem sofreu na cruz e recebeu as marcas dos cravos e não o Pai ou o Espírito Santo. Veja João 20.20, 25, 28.

9. Universalismo

A Cabana promove o universalismo, isto é, que todas as pessoas serão salvas, não importa a sua religião ou sistema de crença. 
“Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou mórmons, batistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa. Tenho seguidores que foram assassinos e muitos que eram hipócritas. Há banqueiros, jogadores, americanos e iraquianos, judeus e palestinos” (p. 168, 169).
“Não tenho desejo de torná-los cristãos, mas quero me juntar a eles em seu processo para se transformarem em filhos e filhas do Papai, em irmãos e irmãs, em meus amados” (p. 169). 
Jesus afirma: “A maioria das estradas não leva a lugar nenhum. O que isso significa é que eu viajarei por qualquer estrada para encontrar vocês” (p. 169).

Resposta bíblica

Não há base bíblica para tais afirmações. A Palavra de Deus ensina que não existe salvação fora de Jesus Cristo. Apesar do universalismo ser uma doutrina agradável, popular e que reflete a política da boa vizinhança, a Bíblia afirma que nem todos serão salvos: Veja Mt 7. 13, 14; 25.31-46; 2 Ts 3.2.

Bibliografia

EVANS, C. Stephen. Dicionário de apologética e filosofia da religião. São Paulo. Vida. 2004.
NICODEMUS, Augustus. O que estão fazendo com a Igreja. São Paulo. Mundo Cristão. 2008.
PIPER, John et alli. Teísmo aberto: uma teologia além dos limites bíblicos. São Paulo. Editora vida. 2006.
WILSON, Douglas (org.). Eu não sei mais em quem eu tenho crido: confrontando a teologia relacional. São Paulo. Editora Cultura Cristã. 2006.
YOUNG, William P. A cabana. Rio de Janeiro. Editora Sextante. 2008.
© Todos os direitos reservados.