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sábado, 26 de fevereiro de 2022

Por que Hitler odiava os Judeus?

Por que Hitler odiava os judeus?

O antissemitismo tem raízes religiosas milenares

Por Marta Francisca Topel*


Antissemitismo X Antijudaísmo
Para compreender o antissemitismo, é fundamental diferenciá-lo do antijudaísmo.

O antijudaísmo é o ódio à religião judaica como ideologia ou visão de mundo, enquanto o antissemitismo é o ódio aos judeus como nação. Entretanto, aqueles que professam o antijudaísmo acabam sendo antissemitas, uma vez que partem do pressuposto de que a religião judaica contaminou a nação que segue seus preceitos. Por sua vez, o antissemitismo desemboca no antijudaísmo, ao sustentar-se na premissa de que só uma nação racialmente inferior pôde ter criado uma religião tida como a religião do Mal.


Origem
Na Antiguidade, seitas esotéricas conceberam a religião judaica como a religião do demônio e viam os judeus como os agentes na propagação dessa religião do pecado. Essa cosmovisão foi resultado de uma crença dualista, isto é, em dois poderes criadores do universo: o Bem e o Mal, identificando os judeus com o Mal, o que os colocou no papel do mal cósmico e os viu como instrumento do demônio.

Todavia, o momento histórico no qual se entrelaçam pela primeira vez e de forma radical antijudaísmo e antissemitismo é na consolidação da visão paulina. Para o apóstolo Paulo, a revelação da Torá é uma revelação temporária, e aqueles que continuam no caminho da Torá após a chegada de Cristo são traidores. Segundo esse raciocínio, os judeus, ao rejeitarem Cristo como Messias e ao assassiná-lo, transformaram-se em agentes do Mal, no povo deicida.


Ao longo de toda a Idade Média, essa idéia foi desenvolvida e materializada pela Igreja católica. É de se destacar os cânones adotados no Concílio de Latrão (1215) que confirmavam a condenação dos judeus à servidão perpétua, proibiam sua integração na sociedade com o objetivo de impedir a contaminação dos cristãos, obrigavam o uso de signos de diferenciação nas vestes, impediam o acesso dos judeus aos cargos administrativos e os excluíam completamente da agricultura e das corporações. Essas medidas enraizaram na população um ódio milenar baseado numa ideologia demonizadora que culpou os judeus e o judaísmo pela morte de Cristo.

O termo antissemitismo foi criado no século 19, quando as teorias religiosas que acusavam os judeus de deicídio ficaram caducas. Nesse momento, a partir de uma leitura tergiversada das teorias ligadas ao darwinismo social, o motivo para perseguir os judeus começou a ancorar-se em pressupostos biológicos.




Adolf Hitler
Assim, para Hitler, existiam três raças: as “fundadoras” ou superiores, representadas pelos povos germânicos, as “depositárias”, pelos povos eslavos, e as “destruidoras” ou inferiores, que tinham nos judeus o exemplo paradigmático.

Obcecado com o ideal de pureza racial, Hitler compreendeu a História como uma permanente luta entre as diferentes raças, na qual a raça superior devia utilizar todos os meios necessários para manter sua pureza. A essa visão histórica foi acrescentado o mito da “conspiração judaica mundial”, fortemente difundido em toda a Europa que, entre outras falácias, divulgou a ideia do poder econômico do povo judeu e do seu monopólio dos meios de comunicação. Os judeus foram transformados no bode expiatório e culpados de todos os males pelos quais atravessava a Alemanha, fazendo com que sua eliminação se tornasse um imperativo de Estado.

Muitos ignoram que os campos de extermínio não estavam na Alemanha, mas na Europa do leste. Isso visava poupar os alemães do “trabalho sujo” e permitia aos poloneses, ucranianos e lituanos, acérrimos antissemitas de longa data, colaborar ativamente com o ideal nazista de aniquilação total dos judeus.

Nas cidades polonesas de Jedwabne, Radzilow, Wasosz e Stawinski, por exemplo, os moradores assassinaram milhares de judeus, sem nenhuma imposição dos alemães. Se algum episódio exemplifica o enraizado anti-semitismo polonês, ele é a matança de judeus depois de finalizada a guerra. O pogrom de Kielce (1946), um entre muitos, permanecerá na história polonesa como um dos maiores atos de covardia coletiva, no qual 42 sobreviventes do Holocausto foram assassinados pelos vizinhos. Por quê? Medo destes de ter de devolver, a seus donos judeus, as casas que haviam ocupado ilegalmente.

*Marta Franscisca Topel – Antropóloga e pesquisadora do Programa de Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas da Universidade de São Paulo (USP)

Livro sobre os judeus e suas mentiras

 O teólogo alemão Bonhoff foi contra o antissemitismo e é o exemplo de cristão a ser imitado. Foi condenado e morto pelos nazistas. Não aprovo o que Lutero escreveu. É lamentável sua posição e opinião!

sábado, 19 de fevereiro de 2022

3 Mentiras Sobre Jacó que Sempre nos Contaram

*3 Mentiras Sobre Jacó Que Sempre nos Contaram* Vinicios Torres 4/02/2016 Toda história que lemos é grandemente influenciada pelo conhecimento prévio que temos acerca dela ou dos seus personagens. Conforme as características que conhecemos das personagens envolvidas interpretaremos suas intenções e reações. Por isso, uma das coisas que os amantes de cinema mais detestam são os famosos “spoilers”, aqueles comentários que revelam detalhes do filme ou o destino das personagens. Quando lemos uma história com uma ideia preconcebida podemos perder detalhes dela, ou interpretá-la erroneamente, principalmente quando o preconceito for negativo. Ele pode fazer com que fiquemos bloqueados para as palavras e intenções da personagem que perdeu nossa simpatia por causa do preconceito. Percebi isso nesta semana ao ser despertado por um comentário sobre a vida de Jacó, filho de Isaque e neto de Abraão. Nestes anos de vida cristã não tem como saber quantas vezes li a história de Jacó lá no Gênesis, nem quantas mensagens ouvi baseadas nele. Nunca esteve entre meus personagens favoritos, nem tinha nada em sua trajetória que me servisse de exemplo. Diferente de seu filho José, decididamente o personagem mais fascinante do Antigo Testamento, na minha opinião. Mas, hoje, confesso que descobri que tinha preconceitos para com ele. Preconceitos esses alimentados pelos comentários lidos e ouvidos a seu respeito que, depois de uma análise mais cuidadosa da história, se provaram equivocados. Vejamos então três ideias que se ouvem muito sobre Jacó e que influenciam a maneira como interpretamos a sua história, podendo nos fazer perder as riquezas que Deus quer nos passar através dela. *"1. Que o nome de Jacó significa “enganador”.* Quantas vezes você já ouviu isso? Eu ouvi a vida toda. Mas o significado do nome literalmente é “aquele que segura o calcanhar”, porque ele nasceu agarrado ao calcanhar do irmão que nasceu primeiro. O outro significado do nome é “suplantador”. Suplantador é aquele que toma o lugar de ou substitui a outro, seja pela incapacidade/inadequação do outro ou pela conquista do direito ao lugar. Uma boa comparação é o jogador de futebol reserva, ou suplente, que aguarda a oportunidade de substituir (ou suplantar) o titular e mostrar o seu jogo. Portanto, não há conotação negativa no nome de Jacó. Na verdade, o seu nome instigou-o a pensar que poderia ter participação nas bênçãos sobre as quais ouvia seu avô e seu pai falarem, que por costume da época eram reservadas ao primeiro filho nascido, o primogênito. *2. Que ele enganou seu irmão Esaú e roubou a sua primogenitura.* Esse conceito também é bastante difundido, e entra aqui o fator que a gente olha para um fato e analisa conforme a nossa escala de valores e não na escala de valores das personagens dentro do seu contexto histórico. Leia a história com cuidado e veja que, em nenhum momento, Jacó ludibria seu irmão. Esaú pediu a comida que ele havia feito e ele ofereceu um negócio. Esaú aceitou o negócio e, no momento, saiu satisfeito. Pense um pouco, eles moravam todos juntos, se Esaú se incomodasse com o negócio bastava ir conversar com a mãe e pedir comida a ela. Mas a Bíblia diz que Esaú “desprezou” (Gn 25.34) o seu direito de primogenitura, ou seja, ele não dava valor, não se importava. Posteriormente, ao revelar ao pai que havia negociado a primogenitura, Esaú desesperado e irado diz: “Não é com razão que se chama ele Jacó (suplantador)? Pois já duas vezes me “suplantou” (Gn 27.36). Algumas versões traduzem “duas vezes me enganou” mas a raiz da palavra traduzida como “enganou” é a mesma do nome Jacó, e a frase significa que Esaú reconheceu que Jacó o suplantou, conquistando o direito de tomar o seu lugar. E lembre-se, nesta frase, quem está falando é uma pessoa amargurada, explicando assim o tom negativo da tradução. *3. Que ele fugiu do irmão.* Esaú amargurou-se por ter sido “suplantado” pelo irmão. Se você pensar bem, é a reação natural de alguém que reconhece que cometeu um grande erro na vida. Pessoas amarguradas ficam remoendo seus erros e, conforme o seu temperamento, imaginando formas de vingança. Com Esaú foi assim e sua mãe ficou sabendo que ele andava falando que se vingaria. Rebeca, consciente que as bênçãos das promessas de Deus para Abraão e Isaque recairiam agora sobre Jacó, não quer que seu filho cometa o mesmo erro que Esaú já cometera de tomar mulheres de Canaã para esposas (Gn 26.35,35). É dela a ideia de convencer Isaque a liberar Jacó para buscar uma esposa entre os seus parentes. Isaque aprova a ideia e abençoa Jacó para esta empreitada. É verdade que Jacó sai sabendo que seu irmão está com raiva dele e, segundo a história, volta muitos anos depois ainda temente da amargura do irmão. Mas Jacó não saiu fugido, nem às pressas. Saiu com a bênção de seu pai para a empreitada e sabendo que um dia voltaria para tomar posse da herança da primogenitura que ele conquistara. Depois que você “ajusta as lentes” tirando as ideias preconcebidas, ao olhar o texto novamente uma nova história emerge. Algumas coisas que pareciam contraditórias, passam a se encaixar. Por exemplo, você entende como Deus podia falar com e abençoar Jacó. Antes, para mim, não fazia sentido isso acontecer com um cara ruim. Mas ruim, na verdade, era apenas o meu conceito dele.