sábado, 25 de maio de 2024

UM EXEMPLO PARA NÃO SER SEGUIDO

Um Exemplo Para Não Ser Seguido

Um Exemplo Para Não Ser Seguido

Texto Básico: 1 Coríntios 1.10-13

Leitura:“Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês; antes, que todos estejam unidos num só pensamento e um só parecer. Meus irmãos, fui informado por alguns da casa de Cloe de que há divisões entre vocês. Com isto quero dizer que algum de vocês afirma: “Eu sou de Paulo; ou “eu sou de Apolo”; ou “Eu sou de Pedro”; ou ainda “Eu sou de Cristo”. Acaso Cristo está dividido?…”. 1 Coríntios 1.10-13

Na igreja de Corinto havia partidarismo e divisões. Estes problemas surgiam basicamente por falta dos indivíduos, daquela comunidade, não terem captado o verdadeiro significado da unidade do Espírito. Será que o mesmo ocorre hoje? Geralmente nós só pensamos em nós mesmos; em nossos projetos pessoais. Escolhemos apenas aqueles parceiros de nossa “panelinha”. São as nossas atitudes que revelam se somos ou não cidadãos do Reino de Deus e membros da família de Deus.

Temos que reconhecer que a igreja de Corinto era muito fervorosa, mas tinha muitos problemas. O partidarismo era apenas um deles. O negócio era tão sério que havia quatro grupos rivais:

  1. Havia o grupo dos fundadores: “eu sou de Paulo”.
  2. Havia o grupo dos intelectuais: “eu sou de Apolo”.
  3. Havia também o grupo dos tradicionais: “eu sou de Pedro”.
  4. E, por último, havia um grupo dos exclusivistas: “eu sou de Cristo”.

Hoje não é diferente! Temos grupos que contendem entre si. Conheço gente que evita dialogar com pessoas que ele julga pertencer a determinado grupo. Aliás, nem querem ser vistos na companhia de alguns deles, para não se comprometer.

O fato é que posturas facciosas, partidárias e divisórias sempre foram danosas à saúde da igreja na história, são um grave pecado. A Bíblia chama estes males de “obras da carne” ou imaturidade espiritual. São coisas de “meninos”, que tem que acabar! Quando nos lançamos em disputas carnais, procurando manter nossas posições egoístas, dividimos o Corpo de Cristo:

Está Cristo dividido?” (1 Co 1.13).

Nossos comportamentos, partidários na igreja, são uma afronta ao mundo e um péssimo testemunho de Cristianismo! Todavia, convém ressaltar que “Paulo exortou os crentes em Corinto a buscarem a unidade entre si, não a uniformidade. A uniformidade ocorre quando as pessoas fazem um esforço consciente para ter aparência, roupa, linguagem, pensamentos parecidos, mas unidade envolve harmonia. Ela existe quando as pessoas compartilham um mesmo propósito e usam os seus diversos talentos para alcançar tal propósito”.

Qual é o nosso desafio? Sair urgentemente de nossas trincheiras partidárias, pois esta postura obstrui os relacionamentos, dissolve os laços fraternos e denigre a imagem da Igreja como família de Deus. Isso demonstra que não entendemos o que é unidade. E, assim, desobedecemos a Palavra de Deus que ordena que preservemos a unidade. O individualismo é nosso principal problema, porque coloca o homem no centro. Esta visão da vida nos faz achar que somos mais importantes do que outros. No fundo, é o individualismo o principal gerador de divisão entre os homens, pois nos impõe os próprios interesses. Assim, não conseguimos enxergar-nos como membros uns dos outros e como parceiros de uma causa maior: o Reino de Deus. O pecado é egoísta. Ele nos impede de ver o que há de bom no outro.

“No Cristianismo ocidental, o individualismo predomina na era moderna e tem o efeito lamentável de tornar a vida cristã antes de tudo uma transação entre a pessoa e Deus, geralmente sem o devido realce ao relacionamento do crente com outros crentes e à responsabilidade dele para com a comunidade da fé que é a igreja”.

I. Ninguém é uma ilha

Nossas igrejas estão cheias de “pessoas-ilhas”, que atribuem a si mesmas posições e privilégios especiais, como se dele todos precisassem e ele não dependesse de ninguém. Se tais pessoas procurassem descobrir as boas coisas existentes naqueles a quem eles desprezam, certamente se espantariam ao constatar que Deus os agraciou também com qualidades específicas e dons para o serviço cristão. De fato somos diferentes no que diz respeito às características individuais, as são elas que tornam nosso serviço especial dentro do conjunto do serviço coletivo.

Num corpo há diferentes membros ativos, mas nem por isso deixa de ser uma unidade. Só na diversidade vemos a importância de cada membro no Corpo. Todos são relevantes para á vida do organismo, mesmo aqueles que soa menores. Portanto, não podemos nos depreciar ou nos sentirmos indignos por não termos um “cargo” ou “posição” que achamos ser importante dentro do Corpo de Cristo, ou seja: a Igreja.

Por causa do desígnio de Deus que deseja que o Corpo de Cristo funcione de forma interdependente, ninguém pode dizer que é mais importante do que o outro no que Deus está fazendo, pois é Ele quem faz. Da mesma forma não podemos dizer que não precisamos desta ou daquela pessoa na igreja, pois cada membro é valioso para o seu funcionamento pleno.

A Igreja como corpo nos ensina a servir com o objetivo de colaborar uns com os outros. Deus estabeleceu o Corpo de Cristo desta maneira para que não haja desavenças dentro da igreja em torno de personalidades, funções ou competências entre os seus membros. O fato de saber que existe uma interdependência, cujo fim é “tecer” nossas vidas com os demais, devemos nos motivar a servir mutuamente.

Só quando dependemos uns dos outros em cada área da vida e ministério é que teremos a liberdade de dar e receber segundo a vontade de Deus. Nenhuma parte do Corpo, portanto, pode manter o crescimento sem a inter-relação com as demais. Da mesma forma, não poderemos nos desenvolver separados de Cristo e sem comunhão com Seu Corpo.

Quando entendermos que Deus nos tem designado para funcionar dentro deste harmonioso ambiente de “serviço” mútuo, se somos mais capazes a servir com os dons concedidos pelo Espírito Santo. Deus nos tem equipado de uma maneira especial para que sirvamos e nos edifiquemos mutuamente no Corpo, dando assim glória ao Pai Eterno.

O contexto de Efésios 4.11 afirma que todo obreiro é um dom concedido à Igreja por Jesus Cristo, com a responsabilidade de continuar a missão começada por Ele na Terra. Portanto, quem serve na casa de Deus, independente de sua função ou posição, deve se conscientizar de que é um dom de Cristo à Igreja.

Aplicação Pessoal

 – De que forma a sua igreja local se assemelha a igreja de Corinto?

– Quanto à unidade de sua igreja, em que aspecto você gostaria que Deus intervisse trazendo mudanças no momento?

– Até que ponto essas mudanças depende de você?

 

Autor do Estudo: Josadak Lima

Retirado de UNIDADE – a missão conciliadora da igreja. Publicado com permissão.

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 “Um Exemplo Para Não Ser Seguido”


quinta-feira, 23 de maio de 2024

AS MULHERES E O APÓSTOLO PAULO

Logo do BibotalkPAULO E AS MULHERES

A questão de Paulo e as mulheres deve ser compreendida a partir do problema que se apresentou naquela igreja, naquela época. A partir daí, temos que ver o que Paulo orientou para sanar este problema e só então tentar extrair os princípios bíblicos gerais. 1. O problema: Paulo estava enviando Timóteo a Éfeso. Ele havia […]



 29 de setembro de 2016 Bibotalk Textos

A questão de Paulo e as mulheres deve ser compreendida a partir do problema que se apresentou naquela igreja, naquela época. A partir daí, temos que ver o que Paulo orientou para sanar este problema e só então tentar extrair os princípios bíblicos gerais.

1. O problema:

Paulo estava enviando Timóteo a Éfeso. Ele havia passado ali 3 anos da sua vida, então ele conhecia bem o terreno onde estava pisando. Além disso, Timóteo era um novo pastor que ia pegar um rabo de foguete logo no início do ministério. Paulo não queria que Timóteo passasse apuros, por isso teve que ser bem enfático com ele.

Temos que lembrar que a cidade de Éfeso era uma cidade voltada para a adoração da deusa Diana (grande é a Diana dos efésios). O culto a Diana era realizado por sacerdotisas, que além de sacerdotisas eram também prostitutas cultuais.

Temos que lembrar também que ali houve uma conversão em massa ao evangelho (quando queimaram uma montanha de livros de encantamento).

Agora, imagina esse povo todo entrando na igreja de uma só vez ? Imagina esse monte de sacerdotisas que estavam acostumadas a falar e realizar o culto, entrando num culto cristão? Imagina o procedimento inicial dessas prostitutas cultuais num culto cristão num primeiro momento? Ninguém entra numa igreja sabendo como se comportar, certo?

2. Orientação de Paulo a partir do problema:

Agora imagina um jovem pastor no meio dessa bagunça toda! Eu não acho dificil de imaginar essas mulheres entrando e tomando a palavra a todo momento, pois elas estavam acostumadas com isso antes. Também não acho dificil de imaginar as roupas e os trejeitos delas no culto. E ainda não acho dificil de imaginar que elas tenham exigido algum tipo de explicação para que elas não pudessem fazer nada do que faziam antes em seus antigos ritos.

Aí Paulo escreve para Timóteo falando para ele que elas tinham que ficar caladas e se perguntassem a razão, Timóteo deveria dar uma explicação histórica (Adão veio antes de Eva) e uma razão teológica (Eva pecou antes de Adao). Por falta de explicação melhor, estava dada esta. Está nas escrituras e pronto.

3. Princípios gerais que se adequam com as escrituras em geral:

A partir do contexto histórico e da solução para esse problema pontual, podemos tentar extrair o princípio bíblico que deve permanecer em nossas igrejas para sempre.

Paulo estava preocupado acima de tudo com a ordem do culto na igreja. Este princípio é o mesmo que ele aplica, por exemplo, aos coríntios. Só que ali o problema era na ceia, na relação entre os irmãos, na ordem do culto e em quase todas as áreas da igreja.

Diante de todos esses problemas, podemos reter do apóstolo o princípio da ordem no culto cristão. As formas dos problemas mudaram, a sociedade mudou, mas independente disso devemos manter a ordem no culto.

Portanto, ao meu ver, não tem nada a ver com Paulo estar inserido numa cultura patriarcal machista, mas sim com o princípio da ordem no culto diante de um problema pontual numa determina igreja que não necessariamente era o problema de outras comunidades.

Por Alexandre Milhoranza


Podcast semanal de teologia e bíblia com conteúdo, humor e respeito pela Igreja de Cristo.

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CNPJ: 21.596.684/0001-06 | 

AS MULHERES NA ÉPOCA DO APÓSTOLO PAULO

Libertar Paulo do antifeminismo
18/06/2017

Por Walter Cardozo

São Paulo nos escreve: "Quanto às mulheres, Que elas tenham roupas decentes e se enfeitem com pudor e modéstia. Não usem tranças nem objetos de ouro, pérolas ou vestuário suntuoso. Pelo contrário, enfeitem-se com boas obras, como convém às mulheres que dizem ser piedosas. Durante a instrução, a mulher deve ficar em silêncio, com toda a submissão. Eu não permito que a mulher ensine ou domine o homem. Portanto, que ela conserve o silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E não foi Adão que foi seduzido, mas a mulher que, seduzida, pecou". (I Tim. 2,9-14).

Estas e outras passagens dos escritos de São Paulo têm concorrido para criar em muitas pessoas, especialmente entre os cristãos não formados e uma sociedade não religiosa, uma imagem triste do Apóstolo, apresentando-o como um homem antipático e negativo.

Porém se aprofundarmos nos escritos, fazendo uma verdadeira exegese, vamos ver uma realidade diferente e que existe um grave erro sobre a figura deste glorioso personagem da Igreja primitiva.

Carlos Mesters mostra em seu livro (Paulo Apóstolo: Um trabalhador que anuncia o Evangelho- 2008) que a relação de Paulo com as mulheres é de um profundo respeito pelo trabalho exercido por elas nas comunidades que fundou e ainda agradece e elogia seus esforços.

É bem verdade que alguns dos textos de Paulo trazem dificuldades, pois aparentemente, coloca as mulheres numa posição inferior aos homens, mas a leitura destes textos dever ser "pensando com a cabeça" daquela época, como exige a exegese. A cultura e a consciência que temos hoje não são as mesmas daquele tempo quando se fala da participação da mulher nas comunidades, pois olhando com a nossa cultura atual, Paulo seria um exemplo de machismo, opressão e retrocesso, quando na verdade deve ser considerado como um progressista para as comunidades daquela época. Carlos Mesters também nos esclarece que estes textos na maioria das vezes queriam resolver problemas de determinadas comunidades, portanto, não devem ser vistos

como leis Universais".


Com relação a outros textos de Paulo que nos causam dificuldade para lê-los como os de I Cor: 11, 2-16, Ef. 5, 21-24, estes também devem ser lidos com mais cautela, para que novamente as mulheres não sejam discriminadas; estes também são textos que para uma melhor compreensão precisamos verificar o contexto em que estão inseridos

Marga J. Stroher ("A Igreja na Casa Delas") e Luise Schottroff (Exegese Feminista) vão dizer que o texto de Romanos 16 é a chave de leitura para a história das mulheres nas primeiras comunidades cristãs. Quando lemos este texto, nós podemos perceber claramente que o apóstolo Paulo faz agradecimentos a algumas mulheres, sendo que varias delas aparecem sem a presença de uma figura masculina.

A citação de Febe, Prisca, Maria, Preside dentre outras mulheres, chamando-as de diaconisa, colaboradora - mesmos títulos usados em referência aos seus companheiros homens demonstra o respeito que Paulo tinha com as mulheres. Numa sociedade onde a mulher não era nem sequer considerada a sua presença. Agradecimento público, pelos trabalhos realizados na comunidade, muito pouco comuns na correspondência e na mentalidade de um homem daquela época, foge do padrão machista de que Paulo é acusado e nos garantem que, na prática, Paulo atribuía um lugar de destaque à mulher.

Como nós sabemos, antigamente, os estudos de filosofia e retórica eram reservados aos homens. Na maioria das vezes, o papel de falar e ensinar eram destinados aos homens, principalmente nas sinagogas, mas algumas mulheres ainda conseguiam desempenhar este papel nas comunidades fundadas por Paulo, o que não era uma norma para aquele tempo. Nos vários textos lidos, podemos perceber que muito embora os papéis das mulheres variassem de região para região, no que diz respeito às mulheres, Paulo está mais para um autor progressista do que machista para o seu tempo. Até mesmo quando ele diz que a mulher deve profetizar com a cabeça coberta, pressupõe-se que existam profetizas, tudo o que Paulo faz é, seguindo uma tradição do Antigo Testamento, exigir que as mesmas usem véu.

Um exemplo muito claro desta ideia progressista está na carta aos Gálatas, onde encontramos um texto que é o mais forte que todos os outros que ele escreveu, em favor dos direitos da mulher. - "Em Cristo já não há grego ou Judeu, escravo ou homem livre, homem ou mulher" - é preciso lembrar que na época de Paulo, cada manhã ao se levantar, os judeus dirigiam a Deus esta prece: "Senhor, eu te dou graças porque tu não me fizeste nascer pagão, escravo, nem mulher".

No texto polêmico citado no início desta reflexão, os estudiosos da Bíblia anotam que, curiosamente, estes versículos aparecem de forma brusca, interrompendo a sequência normal da Epístola. Isto leva alguns exegetas a concluir que estes foram acrescentados mais tarde e não pertencem à Carta original de Paulo, mas foram inseridos décadas mais tarde, por causa dos excessos de algumas "Pregadoras", pouco instruídas que andavam disseminando doutrinas erradas. E, portanto era preciso contê-las.

Retomando a questão do véu onde, Paulo ordena que a mulher, ao orar ou profetizar em público, deverá usar um véu na cabeça (I Cor 11,3-10). Alguns estudiosos nos dizem, e não há unanimidade, que a questão gira em torno do costume das mulheres de cobrirem a cabeça pelo menos durante o culto. Mulheres e homens romanos cobriam a cabeça no culto; mulheres e homens gregos não o faziam, para os judeus só a mulher devia cobrir. A cobertura da cabeça era algo cultural e antes de tudo indicava valores que iam além do símbolo

Observemos que a Carta do apóstolo Paulo foi primeiramente endereçada aos irmãos da cidade de Corinto, na Grécia, uma cidade portuária muito importante, pois recebia embarcações de todas as nações através do Mar Mediterrâneo Lá ficava um anfiteatro onde, havia um culto a uma deusa chamada Afrodite. E nesses cultos havia a presença de prostitutas culturais, que tinham relações sexuais durante a cerimônia. A maioria delas tinha a cabeça raspada.

A cultura judaica era diferente dos costumes de Coríntios. As mulheres judias vestiam-se de modo diferente das gregas, o cabelo feminino nesta cultura judaica era objeto fundamental na provocação de prazeres sensuais. Nestas sociedades que usavam cobertura na cabeça, as mulheres casadas que a tinham descoberta eram consideradas infiéis aos maridos, como que procurando outro homem. Por outro lado, as prostitutas e as jovens casadoiras usavam a cabeça descoberta, pois estavam à procura de homem.

Paulo então faz uma analogia para mostrar que uma mulher sem o véu simboliza, na cultura judaica, o mesmo que a mulher com a cabeça rapada simboliza na sociedade grega. Prostituta ou infiel. O motivo maior que levou Paulo a escrever este assunto para a igreja de Corinto, foi para proteger as irmãs que tinham cabelos curtos de serem confundidas com as prostitutas culturais.

O problema dos cabelos femininos, cobertos ou não, poderia se transformar para a Igreja de Corinto em uma grande controvérsia. A lei dos judeus ordenava que fossem soltos os cabelos da mulher suspeita de adultério, como sinal de seu pecado (Num 5,18). Quando os primeiros cristãos se reuniam para suas orações, no meio deles havia mulheres que não eram judias, para as quais não havia mal nenhum usar os cabelos soltos. Então assim, para não ferir a mentalidade dos membros de mentalidade judaica causando neles escândalo, Paulo deu uma norma, prática para todas as mulheres (gregas, judias ou romanas) de cobrir a cabeça com um véu. Portanto o propósito de São Paulo, ao aconselhar o uso de véus pelas mulheres, era salvaguardar a unidade da Igreja.

Podemos também entender que as traduções destes versículos, podem não serem as mais exatas, uma tradução mais próxima do original em grego seria: "Eis porque a mulher deve trazer sobre a cabeça uma marca de autoridade", no NT esse termo nunca designa um poder a que se está sujeito (sentido passivo), mas um poder que se exerce (sentido ativo), o domínio sobre alguma coisa. Portanto, o véu é poder, no sentido de dignidade - a mulher é dona de si e não está à mercê dos olhares dos outros.

Outro detalhe que devemos observar e que, embora Paulo tenha exigido o uso do véu, permite que as mulheres rezem e falem nas assembléias litúrgicas. Assim permitir que a mulher tome parte ativa na liturgia é uma postura totalmente revolucionária do Apóstolo, já que nas sinagogas, a presença das mulheres não tinha nenhuma importância. Entre os judeus, como já falado anteriormente, para iniciar a oração era exigida a presença de 10 pessoas, no mínimo. Só que as mulheres não eram contadas, e se houvesse alguma presente, não podia explicar a Escritura, nem falar ou rezar em voz alta. Devia ficar assentada no fundo do templo para não atrapalhar os homens. Portanto: Paulo permitir que a mulher cristã fale e ore nas reuniões como faziam os homens, era uma incrível novidade.

Na questão da submissão, Paulo primeiro convoca a todos que se submetam uns aos outros, os deveres devem ser entendidos como recíprocos, e os deveres aos quais Paulo se refere, devem ser entendidos com o sentido que tinham naquela cultura. Paulo realmente apela às esposas que se submetam em certo sentido aos seus maridos, talvez para manter a ordem, mas tudo deve ser feito no temor do Senhor. Paulo, vivendo em um contexto totalmente patriarcal, abre espaço para as mulheres, elas que antes não podiam sequer entrar direito nas sinagogas, agora podem entrar e seus maridos devem ensiná-las em casa, para manter a ordem nos cultos, se esta for a vontade delas; Paulo foi o mais ativo promotor do ministério das mulheres no Novo Testamento. De fato Lídia, Evódia e Síntique tiveram um papel ativo na evangelização de Filipos e Paulo situa a participação delas precisamente no mesmo nível que a dos apóstolos homens. Ele reconhece Febe como uma líder da igreja de Cêncris, o porto mais ao leste de Corinto. Priscila liderava uma igreja doméstica com seu esposo, primeiro em Éfeso e depois em Roma. Ápia era uma integrante do comitê de três pessoas que dirigiam a igreja de Colossos. Em Corinto, Paulo assumiu como dado que as mulheres, assim como os homens, podem orar e profetizar nas assembléias litúrgicas. A profecia para Paulo é um dom de liderança, e a oração articula publicamente as necessidades da comunidade. São papéis de liderança.

Por fim a questão do silêncio da mulher na assembléia - 1Cor 14, 33b-35 - O que os exegetas afirmam que S. Paulo deseja é a ordem na assembleia. Não busca aqui tratar de hierarquia. Em Corinto havia certa desordem quanto à vivência dos carismas, isso por causa dos dons em abundância que havia no lugar. No mundo antigo, era comum o mestre ser interrompido por perguntas da platéia. Mas a interrupção era considerada rude se as perguntas refletissem ignorância sobre o assunto. Como as mulheres eram consideradas menos preparadas do que seus maridos, São Paulo teria apresentado uma solução em curto prazo (o silêncio das mulheres em situações específicas) e outra em longo prazo (instrução conseguida junto aos maridos). A solução paulina em longo prazo destaca que a mulher tem potencial para a aprendizagem e a coloca em nível de igualdade com o homem.

Concluindo nossa reflexão sobre o assunto usamos as palavras de pe. Ariel Alvarez em seu trabalho: "Jesus teve sempre um tratamento especial para com as mulheres, por serem elas, na cultura judia, submetidas e marginalizadas. Paulo, discípulo de Jesus, não poderia ser diferente. Uma leitura atenta de suas cartas nos faz descobrir nele um dos maiores defensores dos direitos da mulher. E, até mesmo um "atrevido" feminista. Na Igreja primitiva, Paulo soube colocar as mulheres em funções importantes e proeminentes no trabalho evangelizador".

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

PE. ARIEL ALVAREZ VALDÉS / Revista "Tierra Santa" / Nº 738 - Maio - Junho 1999.

PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA. "A Interpretação da Bíblia na Igreja", São Paulo, Paulinas, 1993.
BARBAGLIO, G. "As Cartas de Paulo", vols. I e II, São Paulo, Loyola, 1989.
DICIONÁRIO DE PAULO E SUAS CARTAS, São Paulo, Paulus, Vida Nova e Loyola, 2008, pp. 635-637.
MESTERS, Carlos. Paulo Apóstolo um trabalhador que anuncia o Evangelho. 9ªed. São Paulo: Paulus, 1991.
FIORENZA, Elisabeth Schussler, 1939-, As origens cristãs a partir da mulher: Uma nova hermenêutica/ São Paulo: Edições Paulinas, 1992.
STROHER, Marga J. A Igreja na Casa Delas; Ensaios e Monografias -12, IEPG, 1996.
SCHOTTROFF, Luise. Exegese Feminista: Resultados de pesquisas bíblicas na perspectiva de mulheres/ Luise Schottroff, Sílvia Schroer e Marie- Theres Wacker; tradução de Monika Ottermann. São Leopoldo: Sinodal/EST; CEBI; São Paulo: ASTE 2008.
www.Pantokrator.org.br - Comunidade Católica Pantokrator
www. Catedralgo.com.br - Catedral Metropolitana - Paróquia N.S. Auxiliadora

Por Marcos José

Introdução

O relacionamento de Paulo com umas mulheres cristãs, libertando-o da acusação de antifeminismo, mostrando que ele apoiava e incentivava as mulheres a assumirem papeis importante na comunidade cristã. Veremos três mulheres Lídia, Evódia e Síntique.

Lídia, citada no livro de Atos dos Apóstolos (cf. At 16,11-15), era originaria de Lídia (Ásia Menor), tinha um comercio de luxuosos tecidos tingidos em púrpura, era gentia, porém tinha uma admiração pela religião judaica. Deus toca o seu coração para que escute a sua mensagem e seja batizada, juntamente com toda a sua casa incluindo os servos.

Evódia e Síntique, citadas no livro de Filipenses (cf. Fl 4,2s), são moradoras da cidade de Filipos, onde se deixa subentendido que são amigas, mas por um motivo não explicado, estão em desavença, e Paulo pede ajuda a seu colega Sízigo para auxiliá-las na reconciliação.

As Mulheres da Comunidade de Filipos

At 16,11-15, mostra Paulo e Silas chegando a Filipos, cidade que recebeu o nome de Filipe, que era pai de Alexandre Magno, colônia romana desde o ano 31 a.C., era administrada segundo a lei de Roma, porém, o seu maior privilégio foi ser a primeira cidade europeia a receber a mensagem do Evangelho. Paulo e Silas foram orar a beira de um rio, chegando lá encontraram algumas mulheres, dentre elas estava Lídia, que escutava as palavras de Paulo. Deus toca profundamente o seu coração e impelida por aquela graça, pede pra ser batizada, mas não somente ela, como também toda sua casa e seus servos. Lídia se torna a primeira mulher cristã na Europa, acolhe Paulo e Silas em sua casa, não era a conduta de Paulo aceitar esse tipo de auxílio, como anteriormente não aceitou de corinto. Lídia se torna um modelo para a família cristã.

Segundo Jerome M. O'Connor, (2004) descreve que provavelmente sua casa foi onde os cristãos se reuniram pela primeira vez em Filipos. Ela participou da evangelização de Filipos, teve um papel de suma importância para que Paulo pudesse divulgar o Evangelho de Jesus Cristo. Provavelmente sem a sua ajuda seria difícil se manterem por tanto tempo na cidade.

Em Fl 4,2s, observa-se mais duas mulheres Evódia e Síntique, o verbo que Paulo usa descreve a atividade das duas mulheres como a de "atletas", a energia e o compromisso assumido por elas na difusão do Evangelho. Paulo vai mostrar o valor que elas têm, dizendo que os seus nomes estão escritos no livro da vida. Não achemos estranho, se Evódia e Síntique fossem líderes de comunidades domésticas, onde podiam coordenar e presidir essa igreja que se reunia sob o seu teto. É por esse motivo que Paulo fala publicamente do desentendimento das duas, fato esse que ultrapassava o plano pessoal e assim afetava a comunidade. Diante disso, fica claro que elas lideravam um número significativo de fieis.

Segundo O'Connor (2004), Filipos foi o primeiro lugar onde Paulo encontrou mulheres com muito dinamismo e cooperação na difusão do Evangelho. Mostrando que nenhuma daquelas mulheres criou algum problema. Paulo tinha a convicção que enquanto cristãs aquelas mulheres se encontravam em condição de igualdade com os homens, todas elas seguiam a Cristo, assim como Paulo. Se essas mulheres tiveram igual condição na fundação da Igreja de Filipos, deve-se aceitar que continuaram a ter a mesma condição em questões internas da Igreja.

Paulo relata sua predileção pela comunidade de Filipos, tendo um lugar especial em seu coração, foi a primeira Igreja fundada na Europa, como também a que mais chegou perto do ideal que Paulo tinha de uma Igreja.

Raymond E. Brown (2012) expõe que essa história parece refletir acuradamente a realidade social de Filipos, especialmente a proeminente posição exercida pelas mulheres.

José Bortolini nos leva a perceber a importância que Paulo dava a essas mulheres, pelo fato de Paulo se separar da sinagoga, ele ajuda as mulheres cristã na sua emancipação, já que na sinagoga elas tinham funções passivas, no lar elas se sentem a vontade são donas de casa, podendo acolher, coordenar e presidir a igreja doméstica que está reunida sobre o seu teto.

Conclusão

Podemos assim concluir que Paulo tinha um apreço imenso pelas mulheres, acusá-lo de antifeminista é no mínimo injusto. A sua visão das mulheres era culturalmente limitada, condicionada, assim como é a nossa nos dias de hoje. Entretanto Paulo deu um passo gigante dentro de um contexto claramente patriarcal e de exclusão da mulher. O simples fato de deixar mulheres liderando algumas comunidades de Filipos, já demonstra isso. "Será que Paulo admirava tanto essa comunidade pelo simples fato de ter mulheres que assumiam com afinco a missão de evangelizadoras?"

Bibliografia

Bortolini, José. Livro Introdução a Paulo e suas cartas, Ed. Paulus.

Bíblia do Peregrino, comentário do texto de At 16,11-15 e Fl 4,2-3

Brown, Raymund E. Livro Introdução ao Novo Testamento, Ed. Paulinas, 2012, páginas 642, 662.

O'Connor, Jerome Murphy. Livro Paulo de Tarso, história de um apóstolo, 2004, págs. 88-89

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sexta-feira, 17 de maio de 2024

UM PIONEIRO DO ARREBATAMENTO ARREBATAMENTO PRÉ-TRIBULACIONISTA

Um Pioneiro do Arrebatamento Pré-Tribulacionista 

#EuSouPrétribulacionista

Muitos hoje ficam surpresos por verificar que a maioria dos defensores do pré-milenismo pré-tribulacionista dispensacional antes da Primeira Guerra Mundial pertencia aos círculos presbiterianos. James Hall Brookes (1830-1897), um ministro presbiteriano muito conhecido em seus dias, é considerado o pai do pré-tribulacionismo e do dispensacionalismo americanos. Brookes foi um dos primeiros a ensinar o Arrebatamento pré-Tribulação e as verdades dispensacionalistas que o acompanham, na América pós Guerra Civil. O ministério dele foi caracterizado pela dedicação a uma exposição bíblica versículo por versículo das Escrituras e por uma asserção e defesa firmes da inspiração completa e infalível da Escritura Sagrada. Ele foi um pastor muito amado, que demonstrava grande integridade pessoal e espiritualidade, e que exerceu muita influência nacional tanto dentro da denominação quanto por todo o âmbito evangélico.[1]

Vida Pregressa

Brookes nasceu no dia 27 de fevereiro de 1830, em Pulaski, no estado americano do Tennessee. Seu pai, um ministro presbiteriano, morreu de cólera em junho de 1833, deixando a família e James em uma situação financeira de pobreza. Ambos os avós de James eram também ministros presbiterianos. Brookes aparentemente tornou-se crente em Cristo com a idade de oito anos e também começou a se sustentar nessa mesma ocasião. Quando Brookes tinha 14 anos, foi-lhe oferecida uma designação na Academia Militar de West Point, mas ele não a aceitou porque, em vez disso, desejava se preparar para o ministério. A maior parte da educação formal de James até aos 14 anos foi ministrada por sua mãe, que era bem educada e capaz de oferecer uma excelente instrução escolar. Aos 16 anos, James se tornou professor em Pulaski, Tennessee, e economizou tanto dinheiro quanto lhe foi possível a fim de poder pagar seus estudos na faculdade.

James acabou começando sua carreira na faculdade com 20 anos e entrou na Universidade de Miami em Oxford, no estado americano de Ohio. Ele foi colocado em turma mais adiantada por causa de suas habilidades acadêmicas e de seu treinamento anterior. Durante seu último ano no curso de graduação, Brookes assumiu estudos adicionais no Seminário Presbiteriano Union de Oxford, Ohio, a fim de se equipar melhor para conseguir fazer seu treinamento ministerial em Princeton. Brookes se formou na Universidade de Miami em 1853 e entrou para o Seminário Teológico de Princeton em Nova Jérsei no mesmo ano. Ele não somente recebeu o diploma de graduação na Universidade de Miami, mas foi lá que encontrou sua esposa, Susan Oliver, filha de um proeminente médico. Diz-se que Susan era excepcionalmente bonita e bem educada, e que seria uma ótima esposa de pastor. Eles se casaram no dia 2 de maio de 1854, em Dayton, Ohio, onde Brookes se tornou pastor da Primeira Igreja Presbiteriana. James terminou seus estudos de pós-graduação no Seminário de Princeton, que naquela época era considerado o melhor e mais conservador seminário nos Estados Unidos. Em 1854, foi ordenado pelo seminário por conta de seus estudos de pós-graduação.

Vida Pastoral

De 1854 a 1858, Brookes pastoreou sua primeira igreja em Dayton. A seguir, ele foi chamado para pastorear a Segunda Igreja Presbiteriana, em Saint Louis, estado americano do Missouri. Em Missouri ele permaneceu até sua morte, em 1897. Quando a Guerra Civil irrompeu, no início dos anos 1860, uma série de acontecimentos levou Brookes a renunciar a seu cargo na igreja. Exatamente no dia seguinte, ele foi chamado a uma nova igreja e aceitou o chamado da Igreja Presbiteriana nas ruas Décima Sexta com Walnut, que foi onde ele serviu como pastor até sua morte. (Essa igreja mais tarde mudou e se tornou a Igreja Presbiteriana nas avenidas Washington e Campton.) A nova Igreja Presbiteriana cresceu rapidamente e passou a ser a maior e mais influente igreja em Saint Louis.

A pregação de Brookes era extremamente popular onde quer que ele falasse. Ele foi um pioneiro em seus dias, com sua ênfase na exposição da Bíblia em inglês em uma época que a maioria apresentava tratados teológicos nos púlpitos. Um dos autores que escreveu sua biografia observou que ele manteve essas visões mesmo enquanto estava no Seminário.

Ele também afirmava que os seminários teológicos não davam o devido valor à Bíblia em inglês. Ele, o defensor da Bíblia em inglês, sempre falava e não poupava esforços quando discutia sobre esse ponto. Ele disse que a média dos formandos do seminário “sabia demais sobre a Bíblia, mas não o suficiente da Bíblia”.[2]

Embora não negligenciasse o importante papel do grego e do hebraico para o expositor bíblico, Brookes proporcionou um grande legado que foi seguido, nos últimos 150 anos, pelos excelentes professores que ministravam versículo por versículo. Esta ênfase na Bíblia em inglês estava no coração dos fundadores do primeiro Departamento de Exposição Bíblica do Seminário Teológico de Dallas.

Ministério e Influência

É inquestionável que, durante a última terça parte do Século XIX, Brookes foi o mais famoso e influente ministro presbiteriano da América. Ele começou seu ministério literário nos anos 1860 e produziu no mínimo 26 livros que foram publicados e cerca de 200 porções bíblicas. No início dos anos 1870, ele publicou Maranata, uma obra abrangente sobre escatologia que foi um dos trabalhos mais populares que ensinava o Arrebatamento pré-Tribulação. Outros livros sobre profecia incluíram: Israel and the Church [Israel e a Igreja], Bible Reading on the Second Coming [Leitura Bíblica Sobre a Segunda Vinda] e Till He Come [Até que Ele Venha], título que mais tarde foi trocado por I Am Coming [Eu Estou Chegando]. Brookes defendeu valorosamente a inspiração completa das Escrituras numa época em que as visões liberal e crítica da Bíblia estavam entrando na Igreja Presbiteriana e em outras denominações americanas. Foi quando ele escreveu God Spake All These Words [Deus Falou Todas Estas Palavras].

Em 1875, Brookes começou um periódico mensal denominado The Truth or Testimony for Christ [A Verdade ou Testemunho por Cristo], que finalmente chegou a ter uma circulação de mais de 40.000 exemplares. Ele continuou a servir como editor até a sua morte, e através dessa publicação ele estimulava os cristãos no evangelismo, e no estudo das profecias. Depois de sua morte, o periódico fundiu-se com The Watchword [Palavra de Ordem], que mais tarde ficou conhecido como The Watchword and Truth [Palavra de Ordem e Verdade].

Durante todos os anos do ministério de Brookes, ele foi um participante ativo em eventos denominacionais e interdenominacionais. James foi eleito moderador da assembleia geral múltiplas vezes. Este era o ofício mais importante dentro de sua denominação na América. Foi um palestrante muito conhecido em conferências bíblicas, em encontros da YMCA, e em conferências sobre profecias. Em 1875, James foi um dos fundadores e presidente de uma conferência anual que finalmente se tornou conhecida como a Conferência Bíblica de Niágara. Esse evento anual em Niagara-on-the-Lake, em Ontário, Canadá, tornou-se a principal conferência para estudiosos da Bíblia nos últimos anos do Século XIX. Durante sua existência, a conferência era interdenominacional e pré-milenista. Ela era incondicionalmente pré-tribulacionista em perspectiva até que a controvérsia entre pré-tribulação e pós-tribulação passou a ser pública depois da morte de Brookes. A controvérsia doutrinária, as incertezas quanto à localização e a morte de Brookes levaram ao seu declínio e, em 1900, foi realizada a última conferência. O Instituto Bíblico Brookes, em Saint Louis, recebeu o nome em homenagem ao Dr. Brookes e é hoje denominado Brookes Bible College [Faculdade de Teologia Brookes]. Por todos os seus anos, Brookes foi um líder indiscutível e, através de seus esforços, o pré-milenismo e o dispensacionalismo foram amplamente disseminados para além das barreiras denominacionais dentro do Protestantismo conservador.

Influência da Profecia Bíblica

Brookes foi um dos mais proeminentes e fervorosos estudantes de profecia de seu tempo. Em um artigo de 1896 no The Truth chamado “Como Tornei-me Pré-Milenista”, Brookes afirmou que ele chegou à sua escatologia pré-milenista através de suas próprias leituras e estudos de Apocalipse e Daniel, depois de ter entrado para o pastorado e depois de ter negligenciado as profecias por muitos anos. Esse estudo independente, juntamente com alguma influência dos Plymouth Brethren [Irmãos de Plymouth] nos anos depois da Guerra Civil, lhe proporcionaram o pano de fundo histórico para suas convicções. Ele hospedou o líder dos British Brethren [Irmãos Britânicos], John Nelson Darby, em sua igreja em múltiplas ocasiões, mas Brookes negava ser receptor direto da escatologia dos Brethren, embora reconhecesse ter um apreço pelo entusiasmo escatológico deles. Logo em 1871, Brookes já estava publicando e ensinando visões semelhantes ao dispensacionalismo. Em 1874, seu sistema estava bem desenvolvido e foi Brookes quem apresentou C.I. Scofield, logo depois da conversão deste, aos ensinamentos do pré-milenismo dispensacionalista. Seria através de Scofield e de sua Bíblia de Estudos que Brookes teria sua influência mais duradoura.

Brookes era versado nas opções escatológicas dentro do pré-milenismo e discutia tanto contra uma teoria do Arrebatamento parcial quanto contra o pós-tribulacionismo. Ele se recusava a estabelecer datas para o Arrebatamento e se apegou a uma forte doutrina do retorno do Senhor e da iminência desse retorno:

Quão emocionante é o pensamento de que o primeiro desses sensacionais acontecimentos, a saber, a vinda de Cristo para os santos, possa ocorrer a qualquer momento.[3]

Ele era muito consciente da acusação feita por críticos mal informados de que os dispensacionalistas afirmavam haver mais de um caminho para a salvação, e refutava isto veementemente em seus escritos:

É desnecessário lembrar qualquer leitor comum das Sagradas Escrituras de que, desde os versículos de abertura de Gênesis até Malaquias, o Espírito é posto à vista na criação, providência e redenção, e que todos os que são salvos foram vivificados através de seu divino poder e graça, como o são agora.[4]

Um estudioso escreveu em uma tese de doutorado:

James Brookes causou um tremendo impacto sobre a cena religiosa americana. Ele teve um papel crucial no desenvolvimento e divulgação do pré-milenismo dispensacionalista americano e, assim, sobre o Fundamentalismo americano. Por meio de seus escritos, sua liderança na Conferência Bíblica de Niágara e seus relacionamentos pessoais, ele afetou toda uma geração de líderes pré-milenistas. Seu impacto é difícil de ser superestimado. A despeito dessa importância, ele permanece relativamente negligenciado.[5]

Brookes tinha uma versão altamente desenvolvida da teologia dispensacionalista, a qual ele promoveu e divulgou por toda a América do Norte através de suas pregações, seus escritos e sua influência como Presidente da Conferência Bíblica de Niágara. Ele também estabeleceu um padrão para a teologia evangélica como resultado da declaração doutrinária de Niágara que escreveu. James seguiu vigorosamente a Cristo ao edificar sua teologia com base na Bíblia e na Bíblia somente. “James H. Brookes merece uma posição nobre nas memórias daqueles que hoje, como ele, buscam honrar a verdade bíblica”.[6] Brookes é um valioso pai do movimento de exposição bíblica, do pré-milenismo futurista, do dispensacionalismo, e do Arrebatamento pré-tribulacionista. É triste ver uma ênfase tão saudável em tamanho declínio em nossos dias, até mesmo entre as igrejas, denominações e associações que certa vez já prosperaram quando seguiam a liderança dele. Maranata! 

(Thomas Ice — Pre-Trib Perspectives)

Notas:
1. Baseei-me grandemente em um artigo de Timothy Demy, “James Hall Brookes” http://www.pre-trib.org/data/pdf/Demy-JamesHallBookes.pdf.
2. David Riddle Williams, James H. Brookes: A Memoir [James H. Brookes: Uma Memória] (St. Louis: Presbyterian Board of Publication, 1897), pp. 58 59.
3. James H. Brookes, Maranatha: or The Lord Cometh [Maranata: ou Vem Senhor], 10th edition (New York: Fleming H. Revell Company, 1889), p. 540.
4. James H. Brookes, Israel and the Church: The Terms Distinguished as Found in the Word of God [Israel e a Igreja: Os Termos Distintos Como São Encontrados na Palavra de Deus] (Chicago: The Bible Institute Colportage Association, 188?), p. 38.
5. Carl E. Sanders II, “The Premillennial Faith of James Hall Brookes” [A Fé Pré-Milenista de James H. Brookes] (PhD dissertation, Dallas Theological Seminary, 1995), p. 202.
6. Larry Dean Pettegrew, “The Historical and Theological Contributions of the Niagara Bible Conference to American Fundamentalism” [As Contribuições Históricas e Teológicas da Conferência Bíblica de Niagara para o Fundamentalismo Americano] (ThD dissertation, Dallas Theological Seminary, 1976), p. 161.